Aí ... mas de que serve imaginar
Regiões onde o sonho é verdadeiro
Ou terras para o ser atormentar ?
É elevar demais a aspiração,
E, falhado esse sonho derradeiro,
Encontrar mais vazio o coração.
Fernando Pessoa, in Soneto XXXIV
ÉS UM VERSO ESCRITO NUM POEMA QUALQUER
COINCIDÊNCIAS
Ficas-te gravado neste
pergaminho de saudade à deriva em alto mar.
És o poema da frase
solta inacabada.
Deslavada de água salgada
Trazes de volta as
ondas da minha memória.
És um mundo feito de palavras ondulantes
tocando-se pelas
pontas.
Chocadas, algemadas ou entrelaçadas.
São todas palavras vividas e bem amadas
Ondas calmas escrevem-Te agora.
nesta praia de areia fina.
Ficas poesia por um momento
No areal do meu pensamento
TU ÉS MUTÁVEL
Cada folha de Outono que passa diante dos meus olhos és um
sonho a voar...
Bailam diante delas a saudade e mil pensamentos...
Nos lagos dos meus olhos dançam as lágrimas de alguém com as
minhas também... espelhos de emoção .
A seiva secou no verde, mas deixou a ESPERANÇA ,
Ela olhou-me nos olhos e entre as árvores escondeu o seu
brilho, penso que morreu para renascer. .
Ficou a magia das folhas de Outono
Em qualquer banco onde se assentarem estas duas folhas
descansarão as recordações vivas e entre os dedos da alma ... trazem-vos
sorrisos num último olhar à vida que estás a viver .
Tu és Mutável, reflexos daquilo que na Essência és.
Utilia Ferrão
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