Aí ... mas de que serve imaginar Regiões onde o sonho é verdadeiro Ou terras para o ser atormentar ? É elevar demais a aspiração, E, falhado esse sonho derradeiro, Encontrar mais vazio o coração. Fernando Pessoa, in Soneto XXXIV

QUESTIONAR QUEM?

Vi-las que me bebem o sangue cá por dentro.
Quem sou eu e para onde vou?

Vou fugir de mim...

Que alma me traz á vida?
Onde está o Sol do meu amanhecer?
Onde está o meu porto de partida?
Porque me move o choro de quem chora aqui?
Onde está o meu porto de chegada?
Onde está a barca que me leva?
Onde está a bagagem que trazia?
Onde está a dor que não sinto?
Onde estão os meus medos?
Onde estão apertados os meus laços?
Onde me leva a vida que vivi, vivo e quero viver?


Só e envolvida neste turbilhão de tantas perguntas...
Eu digo-vos partilhando a minha longa experiência que acompanhar pacientes em fim de vida não é algo de mórbido, também não é deprimente, mas, é desgastante passar de actos de acompanhamento a manobras de reanimação ou o inverso, podendo isto acontecer com frequência em serviços como a medicina ou a cirurgia ou outros serviços, o que leva a pensar que em cuidados paliativos seja mais fácil lidar com a morte.

O objectivo aqui não é a morte, mas sim o como viver bem o aqui e o agora para o eternamente. Não me peçam que me dispa das minhas convicções assim tão depressa e sem pudor.
Prometo pouco a pouco evoluir convosco ao mesmo ritmo e com o mesmo cuidado de quem cuida de si própria.

 Isto tudo é uma questão de desejabilidade, tento colar bocados soltos de histórias, revejo papéis amarfanhados, deitados para um canto, outros bem arrumados. Tento encontrar-me, tenho-os a eles bem presentes na minha memória.

Marie de Hennezel diz-nos no seu livro Morrer de Olhos Abertos pág. 63, 64.
Há quem pense que a opção de trabalhar com moribundos é qualquer coisa de mórbido. Longe de ser deprimente, esta presença quotidiana junto daqueles que estão próximo da morte obriga a um esforço de consciência que comporta dentro de si mesma a sua própria dinâmica. Poucas pessoas entendem isto.
É verdade que o contacto com a morte pode ser destrutivo, mas pode ser também, muito estruturante, dependente da atitude que se tiver. Negar a realidade da morte ou enfrentá-la.



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