Aí ... mas de que serve imaginar Regiões onde o sonho é verdadeiro Ou terras para o ser atormentar ? É elevar demais a aspiração, E, falhado esse sonho derradeiro, Encontrar mais vazio o coração. Fernando Pessoa, in Soneto XXXIV

Partir para a outra margem

Apalpar tudo aquilo que não se vê, mas que é capaz de se sentir que existe é primordial, sabemos que o homem é feito de sentidos e para lá dos sentidos existem sentires e forças que nos envolvem e nos ultrapassam. Há formas físicas e espirituais que envolvem a alma, que não têm vida própria mas á força de as procurares elas começam a fazer parte de ti e da tua vida. Mas fica convencida que elas sempre viveram a teu lado.


Na minha opinião a dor muitas vezes está presente vê-se mesmo sem que os pacientes falem.
Vê-se nos traços do rosto deles, nas palavras que dizem e nas que não dizem, na forma como falam, nos gestos e nas atitudes, não falo só da dor física aquela que está localizada e se aponta,  mas na dor,  a outra, aquela que se difunde confusamente entre o medo a solidão e  a angustia da morte e é essa dor que os enfermeiros, e outros cuidadores  apalpam quando cuidam de doentes terminais.

UMA OUTRA SENSAÇÃO


 Horizonte De estrelas pendentes

A noite dos sonhos, perdeu o negro escuro
A Luz trespassou muros e pontes
Encostada aquela voz serena e pávida
Seguiu outros horizontes...

Horizonte de estrelas pendentes... Luas desvairadas
.
Desfez -se nas esquinas, em iníquas verdades.
Ondas de sombra, em castelos sem mente,
Uma Bússola indica, o pólo a seguir
E a noite cresce apaixonadamente.

Não te esqueças

Se alguém repetir as palavras que te digo
Sem nenhum sentido...não faças atenção.
São margens nuas desoladas, dum rio sem caudal.
Que por certo nada, ou tudo têm da intuição.

 Anoitece

Neste mundo em que se terminam as vidas terrenas, existe como que uma etérea luz ao fundo do túnel que espera os que vão chegando, por principio aqueles cuja idade avançou pelo Outono e agora deixa por terra um tapete de folhas secas varrido pelo vento da partida..

Pode acontecer que a tempestade forte do destino quebre alguns ramos e rebentos novos varrendo assim algumas vidas precocemente.

Eu como jovem enfermeira questiono-me: o que faço eu por estas bandas quando a vida me sorri? Tenho apenas 32 anos e quero prestar cuidados e salvar vidas aqui?

Ela  sabia. ( eu sabia) que além de ser e fazer o que tecnicamente aprendeu aprendi, os mitos culturais que possuía, não chegariam a tocar o Espiritual do Humano.

Recreai diálogo e entendimento, e negociai a paz”.


Ideias que me iam tilintando os silêncios dos dias.
Apercebi-me que morrer é apenas como a chama duma candeia que num instante se apaga pela ausência de petróleo compreendi também que é essencial aprender a partir sem bagagens e leve de consciência, é todo um trabalho árduo.


“As palavras acções e pensamentos decidiram o teu caminho”

Sussurra-me a consciência.
“Há caminhos não concluídos, léguas para percorrer 

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