Outro Olhar

"É preciso aprender a descentralizar o nosso olhar sobre o que vai provocar a morte, para ficar atento á vida ainda presente no doente em fase terminal.
A doença está lá mas tomamos a decisão de viver com o tempo que ainda existe.Para que o doente não fique só focalizado no seu tumor e reduzido ao seu tumor,"Para Uma Morte Mais Humana,(Maurice Abiven).
Na verdade a vida que resta deve ser vivida com qualidade e como não é muito o tempo consagra-se ao vivê-la o melhor possível .
Procurando realizar alguns projectos tantos quanto possível
Aquilo que possa dar prazer e alegria ao paciente.
Isto não é negar a morte ou a doença, mas sim valorizar mais a vida
Vamos pensar nós um pouco em valorizar mais a vida
Sabemos todos que uma vida vale muito
E conservar a qualidade da vida vale tanto...
Dignificá-la e cuidá-la são objectivos que devemos ter sempre presentes.

Comentários

Utilia Ferrão disse…
Dei comigo por vezes a pensar, mas porque razão estão a colocar uma Sonda Naso Gástrica, reanimar o paciente a colocar-lhe um catéter.
Para quê?
Na minha simples visão, tudo era sem interesse.
Mas ao lidar com a situação vi que muitas vezes não era tão inutil como eu entendia.

O paciente que tinha sido reanimado,precisava de tempo para que a familia e até ele se abituasse á ideia da separação.
Também na equipa de saúde,nem todos estavam decididos a deixar morrer o paciente mesmo sabendo que a qualidade de vida era pouca e que o inevitável chegaria... Não estavam preparados
Não é fácil lidar com isto tudo.
Mas havendo consenso e respeito pela vida consegue-se.
Num serviço que não é o de Cuidados Paliativos é mais dificíl
Anónimo disse…
Ensinaram-nos a viver a vida a apreciar cada instante, mas eu considero que por poucos que sejam os instantes ou os momentos que possamos ter para viver, esses podem ser os melhores de uma vida e talvez os mais decisivos.

Vi pessoas nos últimos instantes reconciliarem-se com a familia e com eles mesmos.horas antes de morrer e partiram em paz.
Uma enfermeira
Utilia Ferrão disse…
O paciente faz parte de uma familia, de uma comunidade,está no hospital doente, isso é verdade...mas ele não é uma doença,é uma pessoa e se possível seria bom estar em ligação com o seu mundo exterior pela comunicação...

Isso ocupa o doente e fá-lo viver, mesmo se não é de maneira activa. Uma participação minima leva á valorisação da sua auto-estima.
Utilia Ferrão disse…
Senhora enfermeira também sou da sua opinião.
Também vi pessoas,reconciliarem~se com os seus familiares e com eles mesmos durante esta caminhada de fim de vida.

Vi também pessoas que se confessaram e depois ficaram menos revoltadas,vi que a presença do responsável religioso, muitas vezes torna as coisas bem mais fáceis.

Mas também conheci certas pessoas que não tinham convicções religiosas e que este fim de vida dava uma paz extraordinária,eram levadas pelas circunstâncias a fazerem uma revisão dos seus percursos de vida e a reconciliarem-se com eles próprios e com os outros.
Muitas vezes falavam com as enfermeiras ou com os que se propunham disponiveis, pediam ajuda.
Nesses casos qualquer pessoa que for escolhida para receber,ou partilhar desde que tenha respeito pelo outro, discirnimento e amor pode ajudar .
Utilia Ferrão disse…
Também queria que fique bem esclarecido que a pessoa que quer ajudar, precisa de além do que foi dito disponibilidade, discernimento e Amor.
Necessita de ter feito os seus próprios lutos para que não caia nas projecções.
Tem que saber qal é o bjectivo que o anima.
"Ajudar".

Nenhum cego, pode ajudar outro cego a atraveçar uma estrada
Utilia Ferrão disse…
Acabei de ler alguns comentários e vejo que o meu português anda um pouco esquecido,
Peço desculpa a todos aqueles que acham que isto é uma grande injustiça para a nossa lingua.
Também para os professores que me ensinaram.
Prometo que com mãos dadas estarei mais atenta.
Qual, e outros...
Desculpem
Anónimo disse…
obrigada por tudo!

que DEUS NOS ILUMINE E NOS GUIE NO CAMINHO DO BEM..
Utilia Ferrão disse…
Anónimo
DE MÂOS DADAS procura estar convosco no caminho do bem e ajudar a torná-lo cada vez mais funcional.
Abraço meu
Utilia Ferrão disse…
"É preciso descentralizar o nosso olhar sobre o que vai provocar a morte."
Sim concordo, pois se olharmos para a mulher amputada da mama, com aquela chaga inorme sobre o peito e só considerarmos essa ferida acabamos por confundir doença e doente.
Passando assim ao lado da pessoa humana que tem toda a sua riqueza de vida tudo aquilo que ela é verdadeiramente.
A pessoa é com o total do seu fisico, do seu espirito da sua arte, da sua cultura da sua profissão da sua familia, das suas ideias sociais, politicas etc Pessoa humana, digna, considerada com qualidade na globalidade.
Aquela pessoa que brinca, que conta anedotas com senso, aquela que nos fala ao coração. Aquela que faz parte duma vida cujos raios brilham ela é uma pessoa com tantas coisas
não é de maneira nenhuma uma ferida (isto para dar um ex.)
O Homem não é doença, pode estar doente)
Sou enfermeira e tenho verificado estes factos.
M.U

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