Entender-me é cuidar




Portas que se podem abrir

Segundo "Hennezel " (1998) a angustia da separação que os doentes e familiares pressentem, contribui de uma maneira negativa na qualidade da partilha e da comunicação entre as pessoas e em especial as famílias.


A maneira como proporcionamos o diálogo tem muita importância.


Sem invadirmos a intimidade do paciente podemos continuar a falar, com frases simples e banais não muito longas .
Por exemplo:


Eu compreendo.


O dia hoje está lindo


Os seus familiares estiveram aqui


Tem uma linda neta.


Ou está triste.




Também um olhar, um sorriso, um tocar na mão, no ombro ou um outro gesto adequado e de circunstância pode ser muito util, palavra certa no momento certo, silêncio no momento certo.


Tudo isto pode servir para comunicar melhor.




A pessoa comunica com todo o seu ser e não só com palavras


Eu vi muitas vezes os silêncios falar ...

È importante fazer sempre o elo de ligação doente, família e equipa de saúde, a família é o núcleo e se ela estiver mal, não consegue apoiar o seu familiar isto leva ao máximo de cuidados a prestar na formação dos familiares para que estes possam estar presentes no sentido da partilha e da ajuda mutua.


Enquadrar a família na equipa é um trabalho que os enfermeiros fazem muitas vezes, eles sabem que uma família bem cuidada e ensinada é um grande suporte na ajuda do acompanhar os últimos instantes de qualquer pessoa.


Ela (familia) ajuda o doente a partilhar a dor e a angustia assim como se partilha o amor a alegria também se partilha a angustia e a dor.


A dor partilhada é logo minimizada, angustia identificada, falada e compreendida é o passo maior para a tranquilidade do corpo e do espírito.




Sei que falar da dor e da angustia não é fácil sobretudo quando ela anda á volta da morte implicando o desconhecido, o pudor o "Tabu"


Um doente que se fechou, não fala e evita todo o contacto, não quer dizer que não quer falar da morte, mas talvez queira dizer, tentei falar e recusaram ouvir-me ou não foram ainda capazes de me ouvir.




















Vamos tentar entender isto?


Vamos atender estas simples "dicas" que já todos sabemos mas que temos tendência a esquecer.




Darei continuidade.

Comentários

Anónimo disse…
Vi, eu também muitos silêncios falar... vi muitos familiares completamente desorientados sem saberem o que fazer em momentos de fim de vida do seu familiar e, por vezes notava uma critica grande que eu não compreendia a razão mas... chegava á conclusão que esta vinha quase sempre do querer dar e não saber o quê do querer fazer e não conseguir, porque o control da situação escapava.
Ao falar com eles, ao aproximar-me e explicando o porquê de certas reacçôes do seu familiar, colocando-o de modo a fazer algo, por exemplo dar-lhe comida,ajudar a colocá-lo na cadeira, passeá-lo um bocadinho, contar-lhe um pouco do que se estava a passar em familia, establecer em certos casos o contacto pelo toque.tudo isto dava uma certa tranquilidade ao paciente e diminuia as tenções familiares.
Sou enfermeira e tenho alguma experiência neste campo, tenho investido bastante no
acompanhamento destes doentes e familiares e verifiquei que tanto nos médicos como nos familiares como nos enfermeiros o mais dificil no acompanhar, é "o náo fazer nada",
Se assim se pode chamar "não fazer nada", porque para mim no campo do acompanhar, há sempre algo a fazer até ao fim.
Projectos até ao fim.
Uma enfermeira
Utilia Ferrão disse…
È verdade Senhora Enfermeira, que o doente que se encontra no hospital, está muitas vezes preocupado com os filhos com os pais ou outros membros da familia até ás vezes com o cão ou até o gato.
Razões suficientes além de outras, para que a angustia seja maior e tantas vezes o doente esteja triste e não fale.
Claro que se os familiares trouxerem noticias diárias do que se passa em casa, ele participa e sente-se da familia, integrado nela, mantendo o forte elo de ligação.
A familia é sempre muito importante para o paciente.
Utilia Ferrão disse…
Gostei de "Portas que se podem abrir"
Eu diria mesmo tudo se pode renovar até mesmo as construções mais antigas.
Claro que é necessário saber reconstruir, ter vontade, e ter também alguma ajuda.
Lembro-me agora nem sei porquê do que li :

Em Terceiro Isaias 58, 6-8
Libertar os que foram presos injustamente.
Pôr em liberdade os oprimidos
quebrar toda a espécie de opressão repartir o teu pão com os esfomeados-
......
Então a tua luz surgirá como a aurora
saudades disse…
A HISTÓRIA E TAO COMUM NO NOSSO MEIO TANTA GENTE QUE NAO QUER OUVIR FALAR DA MORTE MAS....ELA EXISTE MAIS TARDE OU MAIS CEDO....PARTIMOS PARA NAO VOLTAR....A FAMILIA É ESENCIAL NESTA ALTURA MAS POR VEZES SOMOS ABANDONADOS ASSIM ACONTECEU COMIGO...NA ALTURA EM QUE MAIS PRECISAVA NAO ESTAVÃO LA....
Utilia Ferrão disse…
Com "Saudade"
Como disse a familia é muito importante.
Serve de apoio quando integrada no acompanhamento e claro quando está presente.

Infelizmente há casos em que ela não está presente.
Se a familia mais chegada não consegue estar presente, ou porque está na dor e não é capaz de sair desse bloco, ou porque, como em muitas familias se desfez por qualquer motivo, eu acredito que há sempre alguém que vem ao nossso encontro e nos quais confiamos.

E aí começa uma nova familia,escolhida por nós ou porque as circunstancia favoreceram essa segunda familia.
Construir novamente tudo, não é fácil mas quando se tem fé e coragem, as coisas apesar de serem difíceis reconstróiem-se.
Há coisas que não dependem só de nós não é verdade?
O essencial é agir e fazer pelo que pensamos ser a melhor maneira, o resto virá.
Utilia Ferrão disse…
A Morte na Sociedade Ocidental é tendencialmente ignorada, vive-se mais no materialismo.

Sem sermos obcessionados por ela, nós sabemos que esta faz parte da Vida, assim como nascemos, vivemos, acabamos por terminar a caminhada.

Comparativamente ao que se passa na Natureza, também as flores nascem, crescem e secam, também as casas que construimos um dia caem, também os nossos projectos muitas vezes morrem mesmo ao nascer...Os nossos sonhos ficam-se em sonhos.
Mas sonhar também é vida construir também continuar a vida.

Tantas coisas começam, vivem pouco ou muito tempo e acabam, morrem.

O essencia quanto a mim é Viver Bem, e porque somos Humanos vivamos com dignidade e também em Comunidade com Humanismo e Qualidade de Vida,o melhor posssível.
Viver cada instante como se ele fosse o único que tivessemos para viver.
M.U

Morrer é uma continuidade do Nascer e do Viver.

As flores secas podem viver de outra forma....
Este pensamento é meu mas como ele vive fortemente em mi deixo-o aqui como uma folha seca levada pelo vento ou uma for que caíu, ou ainda um sonho que nasceu uma pedra que se colocou numa construção
Anónimo disse…
ola amiga do maos dadas....obrigada pelas palvras amigas no blog do luis especialmente hoje dia 2 de julho mas nao e para levar a mal viu o mano do luis o tó?assim fica a comhecer a familia tem la um artigo falando dos meus tres meninos........carmen....bj
Utilia Ferrão disse…
morte e "desconhecido".
Notei ao longo da minha vida profissional que o desconhecido, implicava medo e angustia.

Próximo dos instantes finais os pacientes que estão para partir querem as portas abertas, querem as luzes acesas.

Muitas vezes não compreendi que isto estava ligado á morte.
Escuro de par com desconhecido e medo.
Tudo isto passava com um pouco do meu tempo de acompanhamento
Sentava-me e ficava ao lado do paciente em silêncio, este acto "de não fazer nada" valia um bom tranquilizante.
Claro que havia outras tarefas, mas o meu tempo dividido chegava para prestar este cuidado que era o que neste caso resultava no "Cuidar".
Uma enfermeira
Utilia Ferrão disse…
Estou muito feliz por ver a familia restituida ao lar.
Parabéns Carmen
Anónimo disse…
Visitar este blog, fez me reavaliar minhas prioridades , a vida e breve, amemos uns aos outros, de maneira pura e desinterressada, partilhar o que temos de melhor em nos, e vencer nossas fraquezas. Deus nos ama a todos, bj.
De maos dadas pra sempre!!!
Utilia Ferrão disse…
Anónimo

agradecemos a visita, passe sempre, é verdade que na vida em todos os campos há prioridades mas saber quais...

Penso mesmoque amar mais e melhor é sem dúviida prioritário.
Então vamos todos amar mais e melhor
saudades disse…
OLA AMIGA DO BLOG «DE MÃOS DADAS» APENAS PASSEI PARA DESEJAR UM BOM FIM DE SEMANA...É BOM CONTINUAR-MOS E EXPRESSAR TUDO AQUILO QUE NOS VAI NA ALMA E NO CORAÇÃO....BJS...(CARMEN)

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